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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Modelo Vivo - Life Models


Modelos -  A4 - Grafite - 2010

          Em 2010 tive o privilégio de realizar alguns desenhos de modelo vivo. Quase sempre desenhei de fotos ou de cabeça, sempre baseado em padrões acadêmicos; receitas de bolo. É impressionante como o traço evolui rapidamente quando desenhamos de modelos vivos.
          Quando desenhamos baseados em fotos ou de cabeça dificilmente conseguimos a tão procurada qualidade tridimensional que caracteriza os trabalhos feito de observação como esses acima. Ou esquecemos algum detalhe, ou exageramos na sombra, ou pecamos por erros grosseiros que uma mera consulta ao modelo pode solucionar. O problema aqui é transformar uma imagem que já está em duas dimensões (como uma foto) em uma imagem em duas dimensões (seu desenho finalizado na melhor forma possível).
          Naturalmente as academias ensinam primeiramente a copiar de desenhos e fotos para então passar para o modelo vivo. É como aprender a ficar em pé antes de começar a andar; um processo evolutivo perfeitamente natural.
          Ao desenhar do modelo alguma coisa acontece, pois ele respira, cansa e se move. Ele tem, ao contrário de uma foto, três dimensões. Transpor essas três dimensões para as duas dimensões do seu papel, computador ou tela é um desafio. Capturar essas sutilezas do volume é um novo desafio que incomoda. A prática é o melhor remédio e seu trabalho ganha sempre.
          Some a essa dificuldade o fato de encontrar modelos adequados. Modelos adequados não são apenas belos modelos, mas modelos que tem a paciência e a virtude de ficar imóveis por longos períodos enquanto são dissecadas visualmente por olhos famintos de conhecimento. Ao olhar para um modelo não pensamos apenas na beleza, mas em como o corpo funciona e como ele reage a luz e a sombra, como interage com elementos em torno de si. Descobrimos que formas arredondadas criam um  sombreamento com bordas suaves enquanto formas mais angulares nos dão sombras mais rígidas, retas. E isso tudo num único modelo.
          Todos estes problemas são poucos se compararmos os problemas que advém do estudo da cor, mas isso é outro assunto.
          Os simpáticos modelos que tive a oportunidade de desenhar são a Gabriela e Cristiano.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Restauração - Restoration


Felipe IV - 210x102cm - Óleo - c 1624-1627

          Não acreditem em nada do que lhe disserem sobre pintores espanhóis: Diego Rodriguez de Silva y Velazquez É o melhor e maior pintor espanhol de todos os tempos. Se citarem outros nomes, não acredite,  discorde respeitosamente e diga com orgulho e certeza o nome desse cara. É fim de discussão. Mais da vida e obra dele pode ser vista pela Internet.
          Apesar do modelo não ajudar muito, sim, o pobre (ou será rico) rei da Espanha era feio para caramba (acho que em feiura ele só é batida pela realeza da Inglaterra, aliás, feiura essa quebrada pela genética da bela Lady Diana), ainda assim a pintura do cara detona.
          Em 20 de Dezembro de 2010 o jornal The New York Times (viva a Internet!) publica uma notícia sobre a restauração de uma obra de ninguém menos que Velazquez. Clique aqui para saber mais sobre a restauração (em inglês). Clique no trequinho azul no meio da tela e arraste para a direita para ver como estava a pintura antes. Arraste para a esquerda para ver o trabalho de restauração de um ano efetuado pela competente equipe de conservação do Museu Metropolitan de Arte de Nova Iorque. Acima da tela tem 4 abas. Recomendo clicar nelas. Na aba dois verá o trabalho de Nova Iorque, o da restauração. Na aba dois verá o de Boston que é atribuído ao que a notícia se refere como "oficina" de Velazquez, possivelmente da equipe a quem ele ensinava e o ajudava, e na aba três a pintura do Prado em Madri, cuja imagem figura acima e se passar o mouse nela verá o raio X da imagem, que acredita-se serviu de gabarito para a imagem que hoje se encontra no Museu Metropolitano de Arte. Na aba 3 podemos ver o brilho da imagem após a restauração. Não se compara a ver o original, naturalmente.
          A notícia não fala no por que a tela ficou tão deteriorada ou como, mas possivelmente por ser guardada em condições inadequadas ou sofrer restaurações também inadequadas. Alie a isso tudo o fato de pinturas dessa qualidade estarem " fora de moda" logo após ter sido adquirida e os movimentos artísticos do século XIX e XX. Felizmente o realismo está voltando a moda nesse começo de século XXI, e não veremos apenas os clássicos mas também excelentes obras produzidas por artistas vivos, artistas esses dedicados e comprometidos com qualidade e originalidade.
          Por falar em retrato, logo vou comentar sobre os retratos presidenciais...antes, porém. vou postar algo de minha autoria. :)