Acidente - Accident

Tricerátopo -  Grafite - A5 - 2010

          Sábado é dia de ir as compras.

          De material artístico!

          Sempre quando vou comprar material artístico compro o que não preciso e gasto mais do que deveria.

          E ainda é pouco.

          Nesse fim de semana comprei Nanquim chinês (barato e fedorento), três bicos de pena e dois cabos de suporte. Somando ao bico que eu já tinha, terei quatro bicos de penas,  mas ainda faltam dois cabos para deixá-los todos prontos. Material novo, ânimo novo.

          Hora de se divertir e pintar e sujar a casa, mesa, chão, mãos, unhas e o que se encontrar no caminho dessa mídia interessante e fundamental para a história da arte. Oriunda da China e conhecida por lá há pelo menos dois mil anos.

          Naturalmente meu pequeno pupilo adorou e decidiu se aventurar.  Enquanto eu estava fazendo um desenho do Super Pato, para arte finalizar com a tinta, ocorreu o acidente. Como estávamos na sala e sempre coloco papel sobre a mesa quando vou pintar -  um requisito imposto pela esposa. Ele levantou o papel base e o vidro virou derramando mais de dois terços da tinta preta e sujando tudo pela frente. Felizmente não caiu no chão, ficou apenas sobre a mesa. Mas sujou meu sketchbook que mandei fazer em tamanho A5 com um pacote de Canson 200gr A3 e encadernar. Boa dica para economizar :)

          O mais afetado foi a primeira página que continha um Tricerátopo, aquele bichinho meigo que podia chegar até 9 metros de comprimento, 3 metros de altura e mais de 6 mil quilos. Aqueles dois chifres na cabeça tinham até um metro de comprimento. Armamento para fazer qualquer carnívoro pensar duas vezes antes de enfrentá-lo.

          Como foi um acidente apenas fiquei chateado...desculpe o pai ter ralhado contigo filhão. Depois faço outro tricerátopo.

          Ou qualquer outro membro da família dos ceratopsídeos.

         Acidentes sempre acontecem com quem trabalha com tinta de verdade. Quem nunca deixou o lápis cair ou o pincel voar com tinta? Quem nunca virou nanquim antes? Já tomei banho de nanquim há muitos anos, virou da mesa sobre minha perna. Eca!

          Mesmo a caneta da tablet sai voando de vez em quando. Por isso sempre a guarde no compartimento atrás dela, nunca no suporte, a menos quando vá usar com frequência. Quando levanto para fazer qualquer coisa boto ela atrás da tablet por hábito. Uma bola de futebol pode entrar a qualquer momento pela porta e acertá-la.

HellBoy

Hellboy - Digital - 19x9cm x 29 cm - 2004

          Como eu estava comentando sobre os materiais necessários para colorir um trabalho no computador e falei na mesa digitalizadora, aproveito para postar o primeiro trabalho que fiz em uma. Comprei uma tablet Wacom Graphire 4x5 em 2004 e o primeiro desenho que estava a mão era o HellBoy. Decidi colori-lo para me familiarizar com o equipamento. 

          É uma experiência muito estranha riscar na tablet e ter que olhar para a tela do computador. Enquanto que digitar num teclado e olhar para a tela do computador é mais ou menos parecido a datilografar em uma  máquina de escrever e olhar para o papel que também está a sua frente, escrever num lugar e olhar para outro foge um pouco do conceito tradicional de escrita em que nós riscamos e vemos o que acontece, até por quê a tinta sai da caneta, e precisamos analisar se o que está saindo está correto e inteligível. Na tablet isso não acontece, visto que a ponta da caneta é uma peça de silicone e o que se risca na tablet não se vê. O resultado aparece na tela do computador como que por mágica. Se a tablet e o seu programa de computador for bem configurado, o resultado vai de uma escrita bem orgânica na tela do computador até uma pincelada rica em textura, com mistura natural de cores, como se fosse tinta de verdade em uma tela de verdade.

Abaixo o desenho original que foi finalizado com tinta Nanquim e caneta. Tentei emular o estilo do criador do Hellboy, Mike Mignola.

          Abaixo fiz uma montagem do trabalho de cor sobre o feito a mão para se ter uma ideia do quanto a colorização é importante para o clima do trabalho.

          Abaixo um detalhe em tamanho real. Olhando agora, depois de alguns anos ainda acho interessante esse trabalho, embora certamente não o ache tão bem feito. Foi uma experiência muito interessante.

Perseu e Medusa

Perseu - Grafite - A4 - 2003

          Perseu, o herói mitológico,  foi um semi-Deus. Filho do próprio Zeus e da humana Danae. Um nome que não lembro de ser citado em antigos filmes como o original de Fúria de Titãs, com efeitos  'stop-motion' de ninguém menos que Ray Harryhausen. Numa rápida pesquisa na Wikipédia descobri que Danae foi retratada por artistas como: Ticiano, Jan Gossaert (não conhecia esse artista), John Wiliam Waterhouse e Gustav Klimt.
          Perseu não tinha programa para o fim de semana e foi visitar a Medusa. Medusa por sua vez queria uma estátua nova para seu jardim, mas Perseu não gostou da ideia e utilizou seu escudo, presente de Atenas,  para armar uma arapuca para a feiosa. Perseu a decapitou. A Medusa decapitada foi retratata por Caravaggio.
          Enquanto tentava escapar Perseu tem seu caminho de fuga bloqueado por Kratos. Mesmo se utilizando de sua máscara da invisibilidade, presenteada por Hades, ele falha diante do Kratos, Deus da Guerra.
           Bem, é mais ou menos isso...
          Aproveitando que a saga do Perseu está na moda, posto esse desenho que foi feito para um sketch quinzenal da Central de Quadrinhos sobre mitologia, claro que esse foi baseado no filme de 1981 e não no de 2010.
          Apesar de ter sido um saco ter desenhado as cobras da Medusa, acho que o trabalho ficou bem legal.

Presente de Aniversário - Anniversary Gift

 

Rodrigo e Manú -  Tradigital - A4 - 2010

 

 

          Há pouco mais de um mês foi me solicitado um presente muito especial de aniversário de namoro por um homem apaixonado.

          Sua ideia era contar numa história em quadrinhos, os fatos marcantes dos seus três anos de namoro, a  ser comemorado agora em maio de 2010.

          Detalhes acertados começamos o processo de produção num período que antecederia pouco mais de um mês antes da derradeira data.

          O prazo aqui é crítico, pois ao contrário de um trabalho que pode haver um pequeno atraso, numa data festiva é impossível isso acontecer.

          Solicitei um briefing, ou raff (eu podia dizer simplesmente texto :-)) do que ele queria na história e veio um roteiro bem bonito.

          Neste ínterim vieram muitas fotos para eu estudar o casal e desenvolver os personagens (e não foram poucos). Baseado no texto fiz os esboços das páginas e após as correções chegou a hora da produção.

          O trabalho teve duas fases propriamente ditas:

          1 - Tradicional: As páginas, bem como a capa, foram desenhadas num sulfite bem liso. Para acabamento utilizei uma caneta pincel Tombo.

          2 - Depois das páginas escaneadas foi a hora de pintar com tinta de mentirinha e fazer toda a pós-produção.

          Foi impresso em papel couché alta gramatura e entregue via sedex ao Rodrigo, meu cliente.

          No prazo!

        Eu havia solicitado ao Rodrigo um feedback de sua namorada. Veio um email emocionado falando da alegria de sua amada.

           Meu coração se encheu de alegria ao ler suas palavras.

           Parabéns Rodrigo e Manú!